Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo
louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão
pelas injustiças.
Escolho meus amigos
pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero
também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus
amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos
previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a
fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade
infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do
vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber
quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que a “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.
(Oscar Wilde,
escritor irlandês, nasceu em 16 de outubro de 1854 na cidade de Dublin. Wilde
escreveu para todos as formas de expressão em palavras, embora tenha sido menos
conhecido em algumas delas. Em seu único romance, O Retrato de Dorian Gray,
Oscar Wilde trata da arte, da vaidade e das manipulações humanas e é
considerado por muitos de seus leitores, como a sua maior obra-prima).
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