Assisti ao filme
“Paraísos Artificiais” e saí com a sensação de uma viagem por um mundo
fascinante do qual fui expectador. O filme trata as questões das drogas sob uma
ótica amadurecida e realista, quando jovens vivem suas fantasias sem o limite do
proibido em um cenário lindo, cheio de emoções. Pseudofilosofias permeiam este
universo em papos-cabeça com frases como “as drogas não criam nada, elas apenas
potencializam o que está no íntimo de cada ser, sejam medos ou desejos”. O
filme mostra o mundo inebriante e sedutor das drogas, as viagens e emoções
perfeitas em busca de um “Eu” interior fictício. Em seguida mostra o vazio e a
sensação de desorientação diante do choque de realidade após o cessar do efeito
do êxtase, realidade em que tudo pede maturidade e exige responsabilidade e
tomada de decisões diante das consequências dos atos praticados de forma
insciente e sem medidas, em que seus corpos foram meros instrumentos de “Eus”
introspecto que se rebelam e dominam o verdadeiro “Eu” que edifica e enxerga o
outro, não como um ser perfeito, fruto de uma imagem mental egoísta, mas como
um ser real. Neste momento as personagens movimentam-se em uma direção que vai
além da ponta do seu nariz, tirando-os da zona de conforto que a fantasia
proporciona e os levando a construir e reconstruir tendo como elemento
essencial, também, o outro, porque a beleza da vida está na imprevisibilidade e
complexidade de seus padrões indefinidos.
O filme retrata o
processo de entropia do ser humano quando o aparente caos pode se mostrar em uma
ordem perfeita (re)construída a partir da imperfeição que é a VIDA real, o que
a torna de fato fascinante, sendo indeterminada e exigindo dos corajosos que a
enfrentam o ato contínuo de desvendá-la e concatená-la a partir da
desconstrução caótica que se apresenta aos nossos olhos. Sendo a principal
mensagem deixada, o fato de que a grande viagem não está nas drogas, mas no ato
de viver.
(Wlah)
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