domingo, 6 de maio de 2012

PARAÍSOS ARTIFICIAIS

Assisti ao filme “Paraísos Artificiais” e saí com a sensação de uma viagem por um mundo fascinante do qual fui expectador. O filme trata as questões das drogas sob uma ótica amadurecida e realista, quando jovens vivem suas fantasias sem o limite do proibido em um cenário lindo, cheio de emoções. Pseudofilosofias permeiam este universo em papos-cabeça com frases como “as drogas não criam nada, elas apenas potencializam o que está no íntimo de cada ser, sejam medos ou desejos”. O filme mostra o mundo inebriante e sedutor das drogas, as viagens e emoções perfeitas em busca de um “Eu” interior fictício. Em seguida mostra o vazio e a sensação de desorientação diante do choque de realidade após o cessar do efeito do êxtase, realidade em que tudo pede maturidade e exige responsabilidade e tomada de decisões diante das consequências dos atos praticados de forma insciente e sem medidas, em que seus corpos foram meros instrumentos de “Eus” introspecto que se rebelam e dominam o verdadeiro “Eu” que edifica e enxerga o outro, não como um ser perfeito, fruto de uma imagem mental egoísta, mas como um ser real. Neste momento as personagens movimentam-se em uma direção que vai além da ponta do seu nariz, tirando-os da zona de conforto que a fantasia proporciona e os levando a construir e reconstruir tendo como elemento essencial, também, o outro, porque a beleza da vida está na imprevisibilidade e complexidade de seus padrões indefinidos.
O filme retrata o processo de entropia do ser humano quando o aparente caos pode se mostrar em uma ordem perfeita (re)construída a partir da imperfeição que é a VIDA real, o que a torna de fato fascinante, sendo indeterminada e exigindo dos corajosos que a enfrentam o ato contínuo de desvendá-la e concatená-la a partir da desconstrução caótica que se apresenta aos nossos olhos. Sendo a principal mensagem deixada, o fato de que a grande viagem não está nas drogas, mas no ato de viver.
(Wlah)

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